Bruno Abner Pereira Rodrigues, de 26 anos, despachante da TAM, companhia aérea foi assassinado a tiros no bairro do Telégrafo. Ele foi baleado no tórax quando saia de casa com a companheira, Bruna Barbosa Coutinho, por volta das 22 horas do dia 24/03/2008, na passagem Isabel, próximo à travessa Coronel Luís Bentes. Ambos estavam em um Gol vermelho, placa JTO 4699.
Na hora de sair de casa, o casal foi abordado por três homens armados usando bicicletas. O veículo estava em movimento. Os assaltantes anunciaram o assalto e para evitar qualquer ação violenta dos bandidos, as vítimas ergueram as mãos.
Um dos ladrões começou a atirar em direção ao carro sem motivo aparente. Um dos tiros atingiu Bruno Abner no tórax e outra bala acertou o vidro da porta ao lado do motorista, bem como o lado direito do Gol. Bruna Coutinho não sofreu qualquer ferimento durante o tiroteio.
Os bandidos fugiram do local do assalto sem levarem nada. Bruno Abner foi socorrido por familiares e conduzido até o Pronto-Socorro da travessa 14 de Março, no Umarizal. Ele não resistiu ao baleamento no tórax e morreu por volta das 22h50. O corpo foi removido para o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, próximo ao Estádio Mangueirão.
O clima de tristeza e revolta tomou conta da missa de sétimo dia de Bruno Abner Pereira Rodrigues, assassinado em frente à sua casa, por engano. A cerimônia religiosa, que aconteceu no Santuário de Fátima, reuniu familiares e amigos do rapaz. Trajando camisetas estampadas com a fotografia do despachante, os parentes do jovem prometeram lutar para que a morte dele não tenha sido em vão. 'Se o Bruno veio para a Terra com esta missão, a de chamar a atenção para o problema da violência e da impunidade, vamos fazer de tudo para que assim seja', declarou a professora Andrelina Pereira, mãe do rapaz.
Um dos primeiros a chegar à igreja foi o estudante Vítor Moutinho, de 23 anos, um dos cinco irmãos de Bruno. Abatido, ele contou que o jovem sempre foi uma pessoa alegre e bem-humorada, que tinha um grande respeito pela vida, em todas as suas formas. 'Se há alguma coisa que o meu irmão me ensinou, sem dúvida, foi a ter respeito pela vida. Ele era tão cuidadoso com isso, que era incapaz de matar uma formiga que fosse. Achava que ninguém tinha o direito de tirar a vida de ninguém', lembrou.
Segundo Vítor, a morte brusca de Bruno mudou completamente a rotina da família. Ele mesmo, que estava fazendo mestrado fora de Belém, vai precisar voltar para a cidade, a fim de cuidar da mãe. 'Tudo o que aconteceu, a forma como se deu, foi muito impactante para nós. Nesse momento, a minha mãe está precisando muito de mim, por isso, vou deixar o mestrado e o doutorado para um outro momento', afirmou.
Ainda de acordo com o estudante, esta não é a primeira vez que a família passa por uma situação envolvendo mortes violentas. Em novembro do ano passado, um primo de Vítor, o engenheiro civil Daniel Moutinho, de 28 anos, morreu depois que o ônibus no qual ele viajava, de Parauapebas para Belém, caiu de uma ponte, na rodovia PA-150. Segundo Vítor, o coletivo sofreu uma tentativa de assalto, na qual o motorista acabou sendo baleado. Sem controle, o veículo caiu da ponte, vitimando três pessoas, entre as quais, Daniel.
VIDA INTERROMPIDA
Já a professora Andrelina Pereira, mãe de Bruno e Vítor, se disse atônita com tudo o que está acontecendo. Ela revelou ter o filho lhe confidenciado o desejo de, em breve, fazer um curso em São Paulo para se tornar comissário de bordo da companhia aérea onde atuava como despachante. 'O meu filho teve a vida interrompida de uma maneira brutal. Tudo o que nós queremos agora é que outras famílias não precisem passar por isso também. Queremos que os culpados sejam punidos de maneira exemplar, porque esse tipo de coisa não pode mais acontecer e ficar assim, por isso mesmo', destacou.
O pai de Bruno Abner, José Joaquim Rodrigues, que ontem publicou uma carta intitulada 'O clamor de um pai', nas páginas de O LIBERAL, disse que o único desejo da família é que seja feita justiça. Para ele, a inércia das autoridades tem contribuído para que famílias tenham suas vidas destruídas todos os dias. 'É um ciclo vicioso. A pessoa que matou o meu filho, por exemplo, tinha antecedentes criminais. Por que, então, estava solto, convivendo em sociedade? Se o sistema policial, judiciário estivesse fazendo bem o seu trabalho, o meu filho provavelmente ainda estaria vivo', desabafou.
Dois dos três acusados de assassinar o despachante da TAM Bruno Abner Pereira Rodrigues, de 26 anos, sentaram no banco dos réus no dia 09/03/2009, Carlos Eduardo Pereira Pinto, o 'Dudu', e Adriano Cezar Gouveia Corrêa, o 'Dida', foram julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento fpi presidido pelo juiz Edmar Silva Pereira, da 1ª Vara Penal da Capital, e durarou dois dias. O terceiro acusado, Carlos Eduardo Moraes Dias, o 'Galinha', foi assassinado em 2008, durante um assalto, no município de Primavera.
O crime ocorreu no dia 24 de março de 2008, por volta das 22 horas, quando Bruno Abner estava saindo de casa com a esposa, Bruna Barbosa Coutinho, no bairro do Telégrafo. Os três acusados estavam armados e já chegaram atirando no casal. Dois tiros atingiram, mortalmente, o jovem e, por sorte, não acertaram a mulher dele. Bruno Abner foi confundido pelo trio com um vizinho dele de nome Deivid Barata Silva, o 'Pingüim', por possuir um carro de cor vermelha (a mesma do carro de 'Pingüim', embora de marca diferente). O motivo do crime seria uma suposta vingança.
Um dia depois do crime, Deivid Barata Silva, soube que o bando teria confundido o alvo, que não era o casal e sim ele próprio. O motivo seria para vingar a morte do irmão de um deles, cuja autoria o bando atribuia a Deivid, também proprietário de um veículo de cor vermelha.
Testemunha do processo, Deivid contou em depoimento à Justiça, um ano antes do homicídio contra Bruno Abner, que ele teria sofrido um assalto praticado pelo irmão de Adriano. Posteriormente, o irmão de Adriano foi assassinado e o bando acreditou que o crime teria sido encomendado por Deivid.
A promotora Rosana Cordovil, que atuou na acusação, arrolou várias testemunhas para o julgamento. Entre elas, a esposa de Bruno Abner; David Barata Silva, o 'Pingüim' - que socorreu Bruno Abner e a mãe da vítima, Andrelina Pereira.
Carlos Eduardo Pereira Pinto foi condenado a 42 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado provocado por vingança (Bruno foi confundido com um desafeto dos réus) e sem possibilidade de defesa. Adriano César Corrêa foi condenado pelos mesmos crimes, mas teve um ano da pena diminuída por ter confessado a autoria. O crime de tentativa de homicídio contra Bruna foi agravado ainda pelo fato de que ela seria morta como 'queima de arquivo'.
A jovem escapou sem ferimento porque as balas desferidas contra ela atingiram a porta do carro. Apesar de terem sido condenados pela primeira vez, os dois réus já tinham antecedentes criminais e vão cumprir a pena em regime fechado. Com a condenação, os jurados desconsideraram a tese da defesa de que César cometeu o crime sob emoção e teve menor participação no crime.
'A sentença foi lida poucos minutos após as 19h do dia 11/03/2009 a uma platéia emocionada, formada pelos familiares e amigos de Bruno e por integrantes do Movimento pela Vida (Movida), organização que reúne mais de 50 famílias que tiveram parentes assassinados de forma violenta no Pará, sobretudo Belém. O grupo deu às mãos e, após a conclusão da sentença, aplaudiu os jurados, promotores e funcionários da Justiça que estavam em plenário. Chorando, a mãe de Bruno Abner, Andrelina Pereira, disse que não considerava a condenação uma vitória, mas apenas uma conquista do grupo e das pessoas que lutam por justiça.
'Meu filho não vai voltar. Não posso considerar que isso foi uma vitória', disse. O pai do jovem, José Joaquim Rodrigues, disse que a pena foi adequada e trará uma 'sensação de justiça' para a família. 'Passamos um ano de muita luta por justiça e agora chegamos ao fim', disse.
'O encerramento da sessão foi marcado por mais discussões entre a promotora Rosana Cordovil e o defensor público Paulo Bona. Cordovil chorou ao retomar a acusação de que teria feito ameaças a testemunhas de defesa. As acusações foram feitas no primeiro dia do júri pela mulher de um dos acusados, que alegou ter sido intimidada pela promotora com ameaça de prisão caso não falasse a verdade ao Júri. Cordovil reagiu imediatamente com fúria e ontem disse que a defesa foi um 'circo' e uma 'farsa'. 'Em 24 anos de Ministério Público e 13 de tribunal do júri nunca passei por isso. Agradeço aos senhores por não se influenciarem por tanta baixaria, por tanta calúnia', disse aos jurados e ao juiz Edmar Silva Pereira.
Paulo Bona se defendeu dizendo que as ofensas de Rosana Cordovil foram 'gratuitas e infundadas'. Hedy Carlos Soares, também defensor, por sua vez, comentou a recusa de promotora em lhe cumprimentar, alegando que não compreende a postura, mas respeita a 'colega'. No primeiro dia do júri, Rosana Cordovil chamou Hedy Carlos de 'promotor de gabinete' e mandou ele voltar para Mato Grosso, sua cidade natal. As declarações foram consideradas preconceituosas.
Movimento pela Vida vê resultado como um 'passo na luta por justiça'
'Para as famílias que integram o Movimento pela Vida (Movida), as condenações de Carlos Eduardo e Adriano César significam mais um passo na busca por justiça. A fundadora do grupo, Iranilde Maia Russo - que teve o filho, Carlos Gustavo Russo, assassinado por policiais militares em 2005, ao ser confundido com um assaltante -, disse que as decisões judiciais incentivam o grupo a se unir a outros movimentos brasileiros que tentam implementar alterações nos códigos Penal e de Processo Penal brasileiros, documentos que, segundo familiares de vítimas, facilitam a impunidade por deixarem brechas à progressão de regime, liberdade condicional e outras vantagens a quem comete crimes. No grupo, há vários relatos de crimes cometido por pessoas condenadas durante períodos de condicional ou mesmo fuga.
'O homem que matou meu filho já tinha cometido outros crimes no Marajó e mesmo assim estava em liberdade', disse Vera Nilza, mãe de um jovem assassinado em junho de 1999, quando comprava refrigerante em bar. Segundo a mãe, o réu foi condenado a 18 anos, mas não cumpriu sequer um terço da pena e está foragido há dois anos, após ganhar liberdade por meio do indulto de Natal. Segundo ela, a fuga não havia sequer sido comunicada pelo Sistema Penal à Justiça. 'Eu fiquei sabendo porque uma vizinha viu ele na rua. Quem avisou a 8ª Vara da fuga fui eu', disse.
'Para Iranilde Maia Russo, a cada dia, mais pessoas têm procurado o Movida para buscar apoio e justiça após se verem envolvidas em crimes violentos. O grupo se reúne com frequencia e aglutina famílias vítimas de crimes de grande repercussão, como a morte da estudante Nirvana Evangelista, do médico Salomão Nahmias, do servidor público Maycon Pantoja e outros. Iranilde diz que o apoio mútuo, tanto no acompanhamento processual quanto no apoio psicológico ajuda pais, filhos, irmãos, esposas e amigos a seguir após um crime brutal na família.
'Hoje, qualquer pessoa pode passar por isso e ver sua vida transformada do dia para a noite. Só quem passa por esse sofrimento sabe o que é', disse. Noiva de Maycon Pantoja, morto durante assalto a uma lotérica no final do ano passado, disse que um dia antes da morte assistiu a uma reportagem sobre o Movida. 'Eu ainda perguntei se ele (Maycon) achava que esse tipo de movimento dava resultado. No dia seguinte, ele foi morto e hoje eu estou aqui, lutando por justiça', disse ela.
Um dos ladrões começou a atirar em direção ao carro sem motivo aparente. Um dos tiros atingiu Bruno Abner no tórax e outra bala acertou o vidro da porta ao lado do motorista, bem como o lado direito do Gol. Bruna Coutinho não sofreu qualquer ferimento durante o tiroteio.
Os bandidos fugiram do local do assalto sem levarem nada. Bruno Abner foi socorrido por familiares e conduzido até o Pronto-Socorro da travessa 14 de Março, no Umarizal. Ele não resistiu ao baleamento no tórax e morreu por volta das 22h50. O corpo foi removido para o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, próximo ao Estádio Mangueirão.
O clima de tristeza e revolta tomou conta da missa de sétimo dia de Bruno Abner Pereira Rodrigues, assassinado em frente à sua casa, por engano. A cerimônia religiosa, que aconteceu no Santuário de Fátima, reuniu familiares e amigos do rapaz. Trajando camisetas estampadas com a fotografia do despachante, os parentes do jovem prometeram lutar para que a morte dele não tenha sido em vão. 'Se o Bruno veio para a Terra com esta missão, a de chamar a atenção para o problema da violência e da impunidade, vamos fazer de tudo para que assim seja', declarou a professora Andrelina Pereira, mãe do rapaz.
Um dos primeiros a chegar à igreja foi o estudante Vítor Moutinho, de 23 anos, um dos cinco irmãos de Bruno. Abatido, ele contou que o jovem sempre foi uma pessoa alegre e bem-humorada, que tinha um grande respeito pela vida, em todas as suas formas. 'Se há alguma coisa que o meu irmão me ensinou, sem dúvida, foi a ter respeito pela vida. Ele era tão cuidadoso com isso, que era incapaz de matar uma formiga que fosse. Achava que ninguém tinha o direito de tirar a vida de ninguém', lembrou.
Segundo Vítor, a morte brusca de Bruno mudou completamente a rotina da família. Ele mesmo, que estava fazendo mestrado fora de Belém, vai precisar voltar para a cidade, a fim de cuidar da mãe. 'Tudo o que aconteceu, a forma como se deu, foi muito impactante para nós. Nesse momento, a minha mãe está precisando muito de mim, por isso, vou deixar o mestrado e o doutorado para um outro momento', afirmou.
Ainda de acordo com o estudante, esta não é a primeira vez que a família passa por uma situação envolvendo mortes violentas. Em novembro do ano passado, um primo de Vítor, o engenheiro civil Daniel Moutinho, de 28 anos, morreu depois que o ônibus no qual ele viajava, de Parauapebas para Belém, caiu de uma ponte, na rodovia PA-150. Segundo Vítor, o coletivo sofreu uma tentativa de assalto, na qual o motorista acabou sendo baleado. Sem controle, o veículo caiu da ponte, vitimando três pessoas, entre as quais, Daniel.
VIDA INTERROMPIDA
Já a professora Andrelina Pereira, mãe de Bruno e Vítor, se disse atônita com tudo o que está acontecendo. Ela revelou ter o filho lhe confidenciado o desejo de, em breve, fazer um curso em São Paulo para se tornar comissário de bordo da companhia aérea onde atuava como despachante. 'O meu filho teve a vida interrompida de uma maneira brutal. Tudo o que nós queremos agora é que outras famílias não precisem passar por isso também. Queremos que os culpados sejam punidos de maneira exemplar, porque esse tipo de coisa não pode mais acontecer e ficar assim, por isso mesmo', destacou.
O pai de Bruno Abner, José Joaquim Rodrigues, que ontem publicou uma carta intitulada 'O clamor de um pai', nas páginas de O LIBERAL, disse que o único desejo da família é que seja feita justiça. Para ele, a inércia das autoridades tem contribuído para que famílias tenham suas vidas destruídas todos os dias. 'É um ciclo vicioso. A pessoa que matou o meu filho, por exemplo, tinha antecedentes criminais. Por que, então, estava solto, convivendo em sociedade? Se o sistema policial, judiciário estivesse fazendo bem o seu trabalho, o meu filho provavelmente ainda estaria vivo', desabafou.
Dois dos três acusados de assassinar o despachante da TAM Bruno Abner Pereira Rodrigues, de 26 anos, sentaram no banco dos réus no dia 09/03/2009, Carlos Eduardo Pereira Pinto, o 'Dudu', e Adriano Cezar Gouveia Corrêa, o 'Dida', foram julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento fpi presidido pelo juiz Edmar Silva Pereira, da 1ª Vara Penal da Capital, e durarou dois dias. O terceiro acusado, Carlos Eduardo Moraes Dias, o 'Galinha', foi assassinado em 2008, durante um assalto, no município de Primavera.
O crime ocorreu no dia 24 de março de 2008, por volta das 22 horas, quando Bruno Abner estava saindo de casa com a esposa, Bruna Barbosa Coutinho, no bairro do Telégrafo. Os três acusados estavam armados e já chegaram atirando no casal. Dois tiros atingiram, mortalmente, o jovem e, por sorte, não acertaram a mulher dele. Bruno Abner foi confundido pelo trio com um vizinho dele de nome Deivid Barata Silva, o 'Pingüim', por possuir um carro de cor vermelha (a mesma do carro de 'Pingüim', embora de marca diferente). O motivo do crime seria uma suposta vingança.
Um dia depois do crime, Deivid Barata Silva, soube que o bando teria confundido o alvo, que não era o casal e sim ele próprio. O motivo seria para vingar a morte do irmão de um deles, cuja autoria o bando atribuia a Deivid, também proprietário de um veículo de cor vermelha.
Testemunha do processo, Deivid contou em depoimento à Justiça, um ano antes do homicídio contra Bruno Abner, que ele teria sofrido um assalto praticado pelo irmão de Adriano. Posteriormente, o irmão de Adriano foi assassinado e o bando acreditou que o crime teria sido encomendado por Deivid.
A promotora Rosana Cordovil, que atuou na acusação, arrolou várias testemunhas para o julgamento. Entre elas, a esposa de Bruno Abner; David Barata Silva, o 'Pingüim' - que socorreu Bruno Abner e a mãe da vítima, Andrelina Pereira.
Os acusados pelo crime foram condenados a 83 anos no total.
O Tribunal do Júri condenou a 83 anos de prisão os dois homens acusados pelo assassinato do despachante da TAM Bruno Abner Pereira, e pela tentativa de homicídio da noiva dele, Bruna Barbosa Coutinho.Carlos Eduardo Pereira Pinto foi condenado a 42 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado provocado por vingança (Bruno foi confundido com um desafeto dos réus) e sem possibilidade de defesa. Adriano César Corrêa foi condenado pelos mesmos crimes, mas teve um ano da pena diminuída por ter confessado a autoria. O crime de tentativa de homicídio contra Bruna foi agravado ainda pelo fato de que ela seria morta como 'queima de arquivo'.
A jovem escapou sem ferimento porque as balas desferidas contra ela atingiram a porta do carro. Apesar de terem sido condenados pela primeira vez, os dois réus já tinham antecedentes criminais e vão cumprir a pena em regime fechado. Com a condenação, os jurados desconsideraram a tese da defesa de que César cometeu o crime sob emoção e teve menor participação no crime.
'A sentença foi lida poucos minutos após as 19h do dia 11/03/2009 a uma platéia emocionada, formada pelos familiares e amigos de Bruno e por integrantes do Movimento pela Vida (Movida), organização que reúne mais de 50 famílias que tiveram parentes assassinados de forma violenta no Pará, sobretudo Belém. O grupo deu às mãos e, após a conclusão da sentença, aplaudiu os jurados, promotores e funcionários da Justiça que estavam em plenário. Chorando, a mãe de Bruno Abner, Andrelina Pereira, disse que não considerava a condenação uma vitória, mas apenas uma conquista do grupo e das pessoas que lutam por justiça.
'Meu filho não vai voltar. Não posso considerar que isso foi uma vitória', disse. O pai do jovem, José Joaquim Rodrigues, disse que a pena foi adequada e trará uma 'sensação de justiça' para a família. 'Passamos um ano de muita luta por justiça e agora chegamos ao fim', disse.
'O encerramento da sessão foi marcado por mais discussões entre a promotora Rosana Cordovil e o defensor público Paulo Bona. Cordovil chorou ao retomar a acusação de que teria feito ameaças a testemunhas de defesa. As acusações foram feitas no primeiro dia do júri pela mulher de um dos acusados, que alegou ter sido intimidada pela promotora com ameaça de prisão caso não falasse a verdade ao Júri. Cordovil reagiu imediatamente com fúria e ontem disse que a defesa foi um 'circo' e uma 'farsa'. 'Em 24 anos de Ministério Público e 13 de tribunal do júri nunca passei por isso. Agradeço aos senhores por não se influenciarem por tanta baixaria, por tanta calúnia', disse aos jurados e ao juiz Edmar Silva Pereira.
Paulo Bona se defendeu dizendo que as ofensas de Rosana Cordovil foram 'gratuitas e infundadas'. Hedy Carlos Soares, também defensor, por sua vez, comentou a recusa de promotora em lhe cumprimentar, alegando que não compreende a postura, mas respeita a 'colega'. No primeiro dia do júri, Rosana Cordovil chamou Hedy Carlos de 'promotor de gabinete' e mandou ele voltar para Mato Grosso, sua cidade natal. As declarações foram consideradas preconceituosas.
Movimento pela Vida vê resultado como um 'passo na luta por justiça'
'Para as famílias que integram o Movimento pela Vida (Movida), as condenações de Carlos Eduardo e Adriano César significam mais um passo na busca por justiça. A fundadora do grupo, Iranilde Maia Russo - que teve o filho, Carlos Gustavo Russo, assassinado por policiais militares em 2005, ao ser confundido com um assaltante -, disse que as decisões judiciais incentivam o grupo a se unir a outros movimentos brasileiros que tentam implementar alterações nos códigos Penal e de Processo Penal brasileiros, documentos que, segundo familiares de vítimas, facilitam a impunidade por deixarem brechas à progressão de regime, liberdade condicional e outras vantagens a quem comete crimes. No grupo, há vários relatos de crimes cometido por pessoas condenadas durante períodos de condicional ou mesmo fuga.
'O homem que matou meu filho já tinha cometido outros crimes no Marajó e mesmo assim estava em liberdade', disse Vera Nilza, mãe de um jovem assassinado em junho de 1999, quando comprava refrigerante em bar. Segundo a mãe, o réu foi condenado a 18 anos, mas não cumpriu sequer um terço da pena e está foragido há dois anos, após ganhar liberdade por meio do indulto de Natal. Segundo ela, a fuga não havia sequer sido comunicada pelo Sistema Penal à Justiça. 'Eu fiquei sabendo porque uma vizinha viu ele na rua. Quem avisou a 8ª Vara da fuga fui eu', disse.
'Para Iranilde Maia Russo, a cada dia, mais pessoas têm procurado o Movida para buscar apoio e justiça após se verem envolvidas em crimes violentos. O grupo se reúne com frequencia e aglutina famílias vítimas de crimes de grande repercussão, como a morte da estudante Nirvana Evangelista, do médico Salomão Nahmias, do servidor público Maycon Pantoja e outros. Iranilde diz que o apoio mútuo, tanto no acompanhamento processual quanto no apoio psicológico ajuda pais, filhos, irmãos, esposas e amigos a seguir após um crime brutal na família.
'Hoje, qualquer pessoa pode passar por isso e ver sua vida transformada do dia para a noite. Só quem passa por esse sofrimento sabe o que é', disse. Noiva de Maycon Pantoja, morto durante assalto a uma lotérica no final do ano passado, disse que um dia antes da morte assistiu a uma reportagem sobre o Movida. 'Eu ainda perguntei se ele (Maycon) achava que esse tipo de movimento dava resultado. No dia seguinte, ele foi morto e hoje eu estou aqui, lutando por justiça', disse ela.